Corrige a vista e me conta qual é a forma, a história
de tudo o que você enxerga agora.
Me diz o que é que tem por de trás desses olhos
sofridos, amargos, sem razão de viver.
Olha no espelho. Cadê a história, dessa tal trajetória que você tanto viveu?
Aí estão as marcas, esbaforidas. Toda a sua solidão.
Não me mostre o que eu já vejo, enxergue por si mesmo
o que se vê com esse espelho. O espelho dos olhos de uma alma cansada
de viver parada a mercê do que se era, do que poderia ser.
A janela da alma ferida, marcada de erros-acertos, acertos-erros da história correta que existe
p'ra qualquer um.Quem enxerga além do que apenas se vê no espelho é capaz de corrigir o rabisco
entortado que uma hora a janela desagradou.
Laís Pedersane